Absurdo em dose dupla, um caso que mistura política, parentesco e dinheiro público está chamando atenção na Região Metropolitana de São Luís. Levantamento obtido com base no Portal da Transparência revela que o pai e esposo da presidente da Câmara Municipal de São José de Ribamar, Francimar Jacintho, figuram como servidores na Câmara Municipal de Raposa, recebendo salário mensal pago pelos cofres daquela cidade.
A ligação familiar e o conflito ético
A presidente da Câmara de Ribamar ocupa um dos cargos mais estratégicos da política municipal, com influência direta sobre orçamentos e pautas legislativas. O fato de parentes direto — no caso, o pai e esposo— estar vinculado financeiramente a outra Casa Legislativa levanta dúvidas sobre a real necessidade do cargo e se há efetivo cumprimento da função.
O que dizem os dados
Conforme o extrato de pagamentos do Portal da Transparência da Câmara de Raposa, o nome do pai é do esposo da presidente aparece na folha de servidores com boa remuneração.
Ainda não há comprovação pública de frequência, atividades desempenhadas ou resultados do trabalho, já que a Câmara de Raposa não divulga relatórios detalhados de produtividade funcional.
Possível nepotismo cruzado
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que este caso pode se enquadrar no chamado “nepotismo cruzado” — quando dois órgãos ou poderes distintos empregam parentes entre si para burlar a legislação que proíbe a contratação direta de familiares. Embora não haja, no momento, indícios de contrapartida em Ribamar, a situação merece investigação minuciosa do Ministério Público.
Silêncio e falta de explicações
Até o momento, nem a presidente da Câmara de Ribamar, nem a direção da Câmara de Raposa se pronunciaram oficialmente. O espaço segue aberto para esclarecimentos, mas o silêncio apenas aumenta a desconfiança da população.
Impacto sobre a confiança pública
Enquanto a população de ambas as cidades enfrenta problemas como falta de medicamentos, ruas esburacadas e insegurança, casos como este reforçam a percepção de que cargos públicos, muitas vezes, servem mais a interesses pessoais do que ao bem coletivo.
Dinheiro que deveria estar sendo usado para resolver problemas urgentes acaba sendo destinado a nomeações questionáveis e pouco transparentes.
O próximo passo: cabe aos órgãos de fiscalização, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, averiguar se o servidor realmente cumpre sua carga horária, se o cargo é necessário e se há prática de nepotismo cruzado.